Síndrome do pôr do sol o que é, por que acontece e como cuidar

Síndrome do pôr do sol: o que é, por que acontece e como cuidar

A transição do dia para a noite costuma trazer paz. Mas, para muitas pessoas idosas com demência, esse momento pode ser justamente o mais difícil. A sundowning, popularmente chamada de fenômeno do entardecer ou síndrome do pôr do sol, é um fenômeno neurocomportamental que expressa esse desafio.

O que é o fenômeno do entardecer ou síndrome do pôr do sol

A síndrome do pôr do sol refere-se ao agravamento ou ao surgimento de sintomas como confusão, agitação, desorientação, ansiedade, irritabilidade, alucinações, perambulação ou inquietude, geralmente no final da tarde ou no início da noite.

Estudos datam sua descrição desde 1941 e, desde então, esse padrão de comportamento tem sido observado com maior frequência em pessoas com demências, como a doença de Alzheimer.

Por que isso acontece

Embora a comunidade científica ainda não tenha uma resposta definitiva, há consenso sobre alguns fatores que contribuem para o surgimento da síndrome:

  • Desregulação do ciclo circadiano
    As alterações cerebrais associadas à demência podem interferir no relógio biológico, confundindo os sinais de dia e noite. Com a diminuição da luz natural ao entardecer, a mente perde referências claras, favorecendo confusão e agitação.
  • Fadiga acumulada
    O desgaste do dia, seja físico ou sensorial, pode tornar a pessoa mais vulnerável às crises no período noturno.
  • Ambiente e estímulos inadequados
    Casas com pouca iluminação, reflexos, ruídos, excesso de estímulos ou mudanças na rotina podem desencadear ou agravar os sintomas.
  • Necessidades básicas não atendidas
    Fome, sede, dor ou desconforto físico aumentam a sensação de insegurança e podem intensificar a piora comportamental.

Como a síndrome se manifesta

Os sinais variam bastante de pessoa para pessoa, mas alguns dos sintomas mais comuns incluem:

  • Aumento da confusão e da desorientação no entardecer ou à noite
  • Agitação, irritabilidade ou agressividade, mesmo em pessoas habitualmente calmas
  • Ansiedade, agitação psicomotora, perambulação e inquietude
  • Alucinações visuais ou auditivas, desconfiança e delírios, especialmente em fases mais avançadas da demência
  • Dificuldade para dormir ou sono fragmentado, o que perpetua o ciclo de desorientação e cansaço no dia seguinte

Esses episódios são manifestações reais de um cérebro que perdeu parte da capacidade de interpretar sinais internos e externos.

O que pode ajudar

Embora não exista cura definitiva para a síndrome do pôr do sol, algumas estratégias podem tornar esses momentos mais seguros e tranquilos.

1. Estruturação da rotina e do ambiente
Garantir exposição à luz solar durante o dia, especialmente pela manhã, ajuda a reforçar o ritmo biológico.
No entardecer, prefira iluminação suave, ambiente calmo e familiar, evitando luzes fortes, ruídos ou excesso de estímulos.
Evite cochilos prolongados no fim da tarde, refeições muito pesadas à noite ou estímulos visuais que confundam a percepção do tempo.

2. Atenção às necessidades básicas
Ofereça líquidos regularmente, pois a desidratação pode aumentar a agitação.
Avalie conforto físico: dor, sensação térmica inadequada ou necessidade de ir ao banheiro podem desencadear crises.

3. Estímulos suaves, acolhedores e previsíveis
Atividades leves e rituais estruturados, como horários regulares para refeições, medicações, banho e descanso, ajudam a manter previsibilidade e sensação de segurança.

4. Acompanhamento especializado
Quando os sintomas são intensos ou frequentes, é importante avaliar a necessidade de intervenção médica. Alguns estudos mencionam o uso de terapia de luz, ajustes de medicação ou medicamentos para o sono, sempre com acompanhamento geriátrico ou psiquiátrico.

O envolvimento da família e dos cuidadores é fundamental. Orientação, paciência e suporte são essenciais para lidar com esses episódios.

Conclusão

A síndrome do pôr do sol é um dos grandes desafios do envelhecimento e do cuidado de pessoas com demência. Embora ainda seja uma condição pouco compreendida, o conhecimento sobre suas causas, manifestações e estratégias de cuidado cresce a cada ano.

Mais do que tratar sintomas, o foco deve estar em acolher, proteger e preservar a dignidade de quem vive essa condição. Para muitos, o entardecer deixa de ser um momento de paz, mas, com cuidado e atenção, pode voltar a ser um período de maior tranquilidade.

Se você convive com alguém que apresenta sintomas semelhantes, buscar orientação especializada é essencial. E lembre-se: escuta, calma e respeito nunca perdem valor.

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